Tudo o que um lápis pode conter

Espaço de partilha sobre as actividades de Expressão como Actividades Globalizantes e Interdisciplinares fundamentais no desenvolvimento da criança. Teve por base a acção de formação que já partilhei ao longo de alguns anos, mas pretende-se ir mais além...Compreender a arte da criança, simplesmente respeitando-a, nesse acto individualizado de expressão
livre, que só a si lhe pertence e como tal deve ser respeitado.
Espaço ainda para a literatura infantil como mediador e receptor da expressão livre e espaço para a arte em geral!



terça-feira, 9 de fevereiro de 2010



A Evolução do desenho infantil - Parte I

A partir de hoje deixarei aqui, a evolução do desenho segundo os diversos autores que o estudaram.


Segundo Burt (1922), surgem várias fases no desenvolvimento do desenho da criança. A primeira fase de "rabisco ou garatuja" que vai dos dois aos quatro anos, subdivide-se em: a) traçados a lápis sem objectivo, com movimentos puramente musculares do ombro, normalmente da direita para a esquerda; b) traçados a lápis com objectivo no qual o rabisco é um centro de atenção e pode ter um nome; c) traçados a lápis imitativos, o interesse dominante é ainda muscular, mas os movimentos do pulso substituíram os dos braços, e os movimentos dos dedos tendem para substituir os movimentos do pulso, normalmente num esforço para imitar os movimentos de um desenhador adulto; d) rabiscos localizados nos quais a criança procura reproduzir partes específicas de um objecto. Esta última sub - fase constitui uma etapa de transição para a segunda fase, denominada fase da "linha" que surge aos quatro anos e que se caracteriza pelo controlo visual.
A figura humana torna-se o tema favorito, com círculo para a cabeça, pontos para os olhos e um par de linhas simples para as pernas. Mais raramente, um segundo círculo pode ser acrescentado para o corpo, e ainda mais raramente um par de linhas para os braços. É vulgar representar os pés mais cedo do que os braços ou o corpo. Não se obtém uma síntese completa das partes e muitas vezes esta não é tentada.
A terceira fase do "simbolismo descritivo" que ocorre entre os cinco e os seis anos
caracteriza-se pelo facto da figura humana ser agora reproduzida com cuidado tolerável, mas como um esquema simbólico rude. As características são localizadas da maneira mais grosseira e cada uma delas é uma forma convencional.
O "esquema" geral assume um tipo um tanto diferente de criança para criança, mas cada uma mantém-se bastante fiel, para a maior parte dos casos e durante longos períodos, ao mesmo modelo favorito.
Na quarta fase do "realismo descritivo" que surge entre os sete e os oito anos os desenhos são ainda mais lógicos, mais do que visuais.
A criança representa o que conhece, não o que vê; e ainda pensa não no indivíduo presente, mas sim no tipo genérico. Tenta exprimir-se ou representar num tema tudo de quanto se lembra, ou tudo o que lhe interessa. O "esquema" torna-se mais verdadeiro em relação aos detalhes; contudo, os temas são sugeridos mais pela associação de ideias do que pela análise de objectos percebidos. As figuras de perfil do rosto são ensaiadas, mas ainda não se considera a perspectiva, a opacidade, o esforço e todas as consequências da singularidade. Há um interesse pelos detalhes decorativos.
Na quinta fase a do "realismo visual" que aparece entre os nove e os dez anos, a criança passa da fase de desenho de memória e imaginação para a fase de desenho da natureza. Subdividindo-se em: a) fase bidimensional onde a criança apenas usa o contorno; b) fase tridimensional na qual há a tentativa da consistência. Dá-se atenção à sobreposição e à perspectiva. Pode existir a tentativa de um pouco de sombra. Experimentam-se as paisagens.
A sexta fase denominada "repressão" que ocorre entre os onze e os catorze anos, acontecendo mais vulgarmente aos treze, caracteriza-se por uma maior lentidão e tentativa de minúcia, o que leva a criança a sentir-se desiludida e desencorajada.
O interesse é transferido para a expressão através da linguagem, e se o desenho continua a ser a preferência surgem desenhos convencionais, e a figura humana torna-se rara.
A sétima e última fase, o "renascimento artístico" surge a partir de cerca de 15 anos (primeira adolescência); o desenho floresce pela primeira vez numa actividade artística genuína. Os desenhos contam agora uma história. É evidente uma nítida distinção entre os sexos. As raparigas mostram agrado pela riqueza da cor, pela graça da forma, pela beleza das linhas; os rapazes tendem a usar o desenho mais como uma saída mecânica e técnica.
EC
Bibliografia: Burt, Sir C. (1922) . Mental and Scholastic Tests . Londres.

2 comentários:

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Os livros que se seguem apresentam as minhas opiniões sobre os mesmos. Exclusivamente o que o "meu lápis pode conter". EC

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