Tudo o que um lápis pode conter

Espaço de partilha sobre as actividades de Expressão como Actividades Globalizantes e Interdisciplinares fundamentais no desenvolvimento da criança. Teve por base a acção de formação que já partilhei ao longo de alguns anos, mas pretende-se ir mais além...Compreender a arte da criança, simplesmente respeitando-a, nesse acto individualizado de expressão
livre, que só a si lhe pertence e como tal deve ser respeitado.
Espaço ainda para a literatura infantil como mediador e receptor da expressão livre e espaço para a arte em geral!



quinta-feira, 17 de maio de 2012

Prémio Nacional de Ilustração 2011

O GREVE recebeu uma Menção Especial do Prémio Nacional de Ilustração!

Nas palavras do júri «Em cada página, personagens e cenário hesitam inconformados com o imprevisível de situações minuciosas e com escolhas coerentes entre o recorte e a delicadeza do traço. A dimensão elíptica do texto permite que a imagem construa narrativas paralelas sinergicamente disponíveis para a perceção atuante sobre o microssistema visual.»

O PNI foi atribuído à obra «Os animais domésticos», da Maria João Worm e a outra Menção Especial ao livro «Cesário Verde - Antologia poética», do José Manuel Saraiva.



O júri destacou ainda a obra de André Letria, pelas ilustrações de «Se eu fosse um livro».








Sobre o livro "Os animais domésticos", da Maria João Worm deixo aqui o post

Em termos de produção, este livro contém material feito antes de Electrodomésticos Classificados, com o qual estabelece mais do que uma afinidade, quer dizer, para além da óbvia relação de pertencer à mesma mão autoral, partilha elos semânticos, iconológicos, temáticos, etc. Essa informação, porém, é um problema em si mesmo. Por um lado, trata-se de uma camada cujo acesso não é universal aos leitores, logo, é totalmente desprovida de importância para a leitura, interpretação e fruição da obra da sua parte (tal como é a liberdade de ler um livro de uma autora e não ler um outro da mesma, e isso não significar uma leitura mais pobre necessariamente). Por outro, mal ela surge, é impossível dissipá-la e não querer que estabeleça uma qualquer pressão de interpretação sobre o livro e, até retrospectivamente, sobre o outro.
Este é um objecto belíssimo, em acordeão, impresso em offset, mas baseado em trabalhos da artista em linogravura (julgamos nós), feitos sobre papel de seda, multicoloridos, com legendas escritas numa ponta de lápis afinadíssima e ainda a intervenção de carimbos. Tudo isto faz parte do arsenal material de Maria João Worm, que sempre foi não apenas pluridisciplinar mas totalmente livre, flutuante e mesclado. O resultado são 9 imagens, cada uma com um animal (nalguns casos aos pares, num só dois animais) diferente ocupado numa tarefa doméstica - passar a ferro, lavar os rodapés estender a roupa, lavar a loiça. Há ainda um texto final, que pode ser visto como uma mistura de texto explicativo e programático, pequeno poema em prosa, ou condutor de ideias. Nele, a autora (imaginemos que se trata de um exercício autobiográfico) conta como quando começou a cumprir tarefas domésticas as suas referências eram do mundo da arte, o que a levaria a ser como “Bonnard a dar banho à loiça” ou “Matisse nas molas”… O resultado é que a sua “profissão sincera era a de doméstica plástica”. Que cada animal ou par de animais seja uma projecção de uma mesma pessoa parece estar prometida na capa da publicação, onde uma mulher se encontra numa pausa do seu trabalho, rodeada dos seus animais. O que veremos no interior serão o seu sonho acordado?
Este livro não é narrativo, no sentido em que não tem uma situação unívoca que se vai complexificando e desenvolvendo ao longo das páginas. Não há cruzamentos entre as personagens, nem momentos de cronologias múltiplas. Trata-se tão-somente de uma colecção de imagens díspares, todas unidas pelas tarefas domésticas e pelo facto de serem animais antropomorfizados a cumprirem-nas. Esta antropomorfização é feita de uma forma simples, sem recorrer a transformações icónicas ou figurativas sobre os animais (uma das mais usuais estratégias na ilustração infantil, por exemplo), ou manipulação das escalas, com a excepção das suas posições ou gestos. Na verdade, recorda-nos o emprego que Ladislaw Starewicz fazia com os insectos nos seus filmes de animação, cujos resultados são sempre unheimliche.
De certa forma, é como se fosse uma forma de dar corpo ou imagem a uma tradição popular portuguesa, que encontra nos “Contos da Carochinha” a sua prestação mais acabada. Seria interessante levantar daí as implicações sócio-culturais, os papéis que os animais tinham para representarem tipos da paisagem portuguesa, a distribuição de papéis ao longo de linhas sexuais, económicas e culturais, e tentar encontrar que ecos poderiam ter com estes animais domésticos. Estas imagens, e os seus brevíssimos textos explicativos, legendas quase desprovidas de qualificativos, criam uma imagem ideal do espaço doméstico, semi-ficcional semi-realista. Os pormenores gráficos, a forma como alisam a representação e tornam cada um destes espaços numa superfície (independentemente de serem trabalho de gravura, que implica sempre uma ideia de profundidade, de escavamento dessa mesma superfície lisa original, e esta questão complicar-se-á com o uso das cores), concorrem para essa imagem idealizada.
Se bem que não apresente um mesmo nível de complexidade, este livro de Worm aparenta-se ainda com os emblemata clássicos, como os de Alciato. Invertendo a presença de dois textos (o mote, inscriptio, e um poema narrativo/explicativo, subscriptio) e uma imagem (pictura), a artista apresenta sempre duas imagens - uma maior, gravada, e uma menor, carimbada - e uma brevíssima frase. No entanto, a relação da imagem menor, icónica, esquemática, carimbada, não traz uma dimensão de desdobramento da primeira imagem, mas apenas uma sua simplificação, uma espécie de sublinhado, de ponto final. As imagens gravadas apresentam sempre um trabalho de duas ou três cores (não contando com o branco da não-impressão), levemente descentrados ou não respeitando os contornos dos objectos, ou até mesmo em que cada cor se comporta como uma superfície autónoma, todas elas sobrepostas sem hierarquias claras, o que leva a uma sensação de desfocamento, de perda de controlo (onde, até à década de 1970, isto seria visto como um erro de impressão, Maria João Worm explora-o na sua totalidade como mais um instrumento de expressão e criação plástica). Daí que a segunda imagem menor possa servir de contraponto decisivo.
Ao mesmo tempo, a moldura branca em torno das imagens centrais, a sua colocação no centro da página, e as letras a lápis muito bem desenhadas, fará recordar também um álbum de fotografias, no qual quem o compõem anota uma breve rememoração, para mais tarde recordar. Daí que algumas sejam meramente descritivas, sem mais - “1 Porco passa a ferro se 1 Peixe borrifar a água” -, outras acrescentem informações circunstanciais - “2 Coelhos estendem a roupa num dia de vento” - , outras ainda atinam numa sensação da personagem - “1 Gato a sacudir minuciosamente um pano do pó á janela”. Claro que aquele “se” da primeira frase já possui em si mesmo a promessa de um desdobramento maior narrativo, estabelecendo uma relação, mais do que de cooperação, de dependência entre um e outro, senão mesmo hierárquica. Porque é que o peixe poderá não borrifar a água? Por uma briga anterior? A relação entre os dois encontra-se frágil?
Os usos que este livro poderá conter, parece-nos, é tão alargado quanto o número dos seus eventuais leitores. É um livro que nos parece habitar um território tão vasto quanto reduzido, onde se cruzarão muitas fronteiras, de livro de artista a livro ilustrado infantil, de exercício plástico a mais um bloco na operação contínua da obra de Maria João Worm.
No fim do dia, é um livro, unidade autónoma e provida de vida própria, e isso é já em si uma enorme conquista.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Curso de Livro Infantil


Curso de Livro Infantil,
por Carla Maia de Almeida


Objetivos:
Este curso não é uma oficina de escrita nem está vocacionado para a formação do leitor e para as ações pedagógicas associadas à leitura. Pretende-se, sim, explorar o universo do livro infantil tomando-o como objeto total, privilegiando a componente literária, mas sem negligenciar outros campos como a ilustração, a edição ou a sua evolução histórica. Será dado ênfase ao livro para crianças e não para adolescentes, que consideramos integrado numa lógica de funcionamento própria. Serão mostrados e trazidos à discussão dezenas de títulos, sejam portugueses, traduções ou originais noutras línguas. Estas escolhas refletem o gosto pessoal e as idiossincrasias da formadora e não têm qualquer pretensão de exaustividade nem de doutrinação.
Público-alvo:
Estudantes de literatura, edição e educação; professores, bibliotecários e educadores; pais e outros mediadores da leitura junto das crianças; ilustradores; livreiros. Todos os que gostam de ler livros para crianças.
Formadora:
Carla Maia de Almeida (Matosinhos, 1969) é jornalista freelancer, escritora, formadora e tradutora na área do livro infantil. Atualmente, é responsável pelas páginas de divulgação e crítica de livros para crianças na revista LER. Licenciada e pós-graduada em Comunicação Social pela Universidade Nova de Lisboa, tem uma pós-graduação em Livro Infantil pela Universidade Católica Portuguesa. Na Caminho, publicou O gato e a Rainha Só (ilustrações de Júlio Vanzeler, 2005), Não Quero Usar Óculos (ilustrações de André Letria, 2008), Ainda Falta Muito? (ilustrações de Alex Gozblau, 2009) e Onde Moram as Casas (ilustrações de Alexandre Esgaio, 2011). Foi a primeira autora de livros para crianças a beneficiar de uma residência no estrangeiro com o apoio da Direção-Geral do Livro e das Bibliotecas, em outubro de 2010. Escreve sobre livros e não só no blogue
Programa:
1.ª Sessão: Era uma vez um reino incerto
Introdução ao curso. Que coisa é essa da «literatura infantil?». Origens e desenvolvimento do livro para crianças em Portugal. Do livro de conceitos ao romance juvenil: diferentes géneros de um produto editorial específico mas pleno de ambiguidades. Breve panorama do mercado do livro infantil. A quem serve a crítica da literatura infantil.
2.ª Sessão: Contar para dar nomes às coisas
Os contos como desdobramento da vida interior e construção de sentido. Contos de fadas, contos tradicionais ou contos maravilhosos? O lobo mau não é vegetariano – sobre a temida crueldade dos contos. Não há temas difíceis, apenas livros que funcionam (ou não). A importância de contar histórias e o impacto da tradição oral no livro infantil.
3.ª Sessão: Some like it hot
Características e especificidades da tradução de livros para crianças. Alguns exemplos práticos. Autores estrangeiros – das coleções de clássicos da era de ouro das publicações juvenis aos autores contemporâneos e indispensáveis num Plano Pessoal de Leitura. Picture books: a nossa seleção incompleta.
4.ª Sessão: A arte de iluminar as palavras
Breve História da ilustração de livros para crianças. Diferentes linguagens e técnicas de ilustração. A expansão do picture story book (ou álbum) como campo contemporâneo de experimentação estética. Relação entre texto e imagem. O elo perdido no virar da página de um picture story book. Pop-ups e livros só com imagens são literatura?
5.ª Sessão: Posso usar a palavra «vislumbrar»?
Escrever para crianças: a ilusão da facilidade. Transformar o simples em complexo e vice-versa. Ritmo, fluência, densidade e substância. As boas ideias caem do céu. A perceção cosmológica da criança segundo Bachelard. Os Dez Mandamentos do Escritor. Escritores de livros para crianças e autoimagem. Um PPL – Plano Pessoal de Leitura.
6.ª Sessão: Isso não é para a tua idade!
Como escolher livros para crianças. Chaves de interpretação qualitativas para texto e ilustração. Erros mais frequentes. Orientação de leituras por idades, interesses temáticos e personalidade. Cativar o leitor relutante. A leitura literária como suporte de valores para o autoconhecimento e interação da criança com o mundo.
Sugestões bibliográficas:
A Emancipação da Literatura Infantil, Manuel António Teixeira Araújo (Campo das Letras);
A Formação do Leitor Literário, Teresa Colomer (Global Editora);
Breve História da Literatura para Crianças em Portugal, Natércia Rocha (Caminho);
Children’s Literature, Peter Hunt (Blackwell Publishing);
Contar Con Los Cuentos, Estrella Ortiz (Palabras del Candil);
Illustrating Children's Books, Martin Salisbury (A & C Black);
Crítica, Teoria e Literatura Infantil, Peter Hunt (Cosac Naify);
Poética da Literatura para Crianças, Zohar Shavit (Caminho);
Psicanálise dos Contos de Fadas, Bruno Bettelheim (Bertrand);
Mujeres Que Correm Com Los Lobos, Clarissa Pinkola Estés (Ediciones B);
Words About Pictures, Perry Nodelman (Georgia).
Dados técnicos:
N.º de sessões: 6.
Datas: 14, 16, 21, 23, 28 e 30 de maio de 2012.
Horário: 18.30-21.30.
Total de horas: 18.
Propina: 225,00 €.
Descontos: 10% para todos os ex-alunos Booktailors e estudantes. 50% para desempregados e recém-licenciados. (Descontos não acumuláveis.)
Local: Bookoffice - Rua dos Fanqueiros, N.º 96 3.º Esq., 1100-232 Lisboa.
Para se inscrever, por favor envie CV (com a referência: LivInf V) para : formacao@booktailors.com.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Leituras

Leituras
Os livros que se seguem apresentam as minhas opiniões sobre os mesmos. Exclusivamente o que o "meu lápis pode conter". EC

O Rei Inchado

O Rei Inchado
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Todos os escritores do mundo têm a cabeça cheia de piolhos

Todos os escritores do mundo têm a cabeça cheia de piolhos
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Gigante Gigantão

Gigante Gigantão
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O pato amarelo e o gato riscado

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CINCO PAIS NATAIS E TUDO O MAIS

CINCO PAIS NATAIS E TUDO O MAIS
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A ferramenta que faz os contos

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O caderno do avô Heinrich

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PEQUENO LIVRO DAS COISAS

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achimpa

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Tu tens direito

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O meu avô

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"um, dois, três, conta lá outra vez"

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Minhamãe

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Tous les chats

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A Locomotiva

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ERA UMA VEZ UM CÃO

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Do outro lado do mundo

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Apresento-vos KLIMT

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O amor e a amizade

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A História de Van Gogh. O rapaz dos girassois

A História de Van Gogh. O rapaz dos girassois
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Eu sei tudo sobre as mamãs

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o Livro da Avó

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As partidas do Sebastião

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Papá, diz-me porque não andam as Zebras de patins?

Papá, diz-me porque não andam as Zebras de patins?
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O Meu e o Teu

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Zé Pimpão, o «Acelera»

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As Férias do Pai Natal

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De Que Cor É o Desejo?

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Músicos contados aos jovens

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O Livro da Avó

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