A
Intuição Leitora, A Intenção Narrativa
Rodolfo
Castro. Editora: Gatafunho (2012)
“Ouvir um conto será um
momento de relação profunda” (pág. 55).
Entre
o narrador deste livro e o leitor existe a comunhão de uma relação. Ou seja, a
unidade formada no contexto da significação do momento de contacto. O facto de
que no prazer da leitura reside um saber, que ultrapassa a intuição. Nela se
insere a sensibilidade, a emoção, um jogo.
Livro
composto por duas partes, a primeira enquanto leitor (a de um leitor prazeiroso
não imbuído de parâmetros) e a segunda enquanto narrador.
Da
leitura, pode-se dizer que, é mais que ler livros. É uma atitude perante o
mundo, de uma apropriação de códigos e símbolos da linguagem escrita. É
podermos perder-nos na leitura ou no sentido para o qual ela remete, apenas
porque se viaja nela ou nos sons das palavras que dela ecoam. O aroma dos
livros, independente dos conteúdos, viajando dentro de nós próprios. É o acesso
ao que ela nos permite, captar mensagens com significado para o próprio,
inventando, descobrindo, recordando.
A
cumplicidade da leitura para que se aceite, ou seja, acredite, como que impregnados
pelo texto, se entre nele com corpo inteiro, onde habitam as emoções.
Linguagem, memória, imaginação e pensamento, acesso à compreensão de um corpo
com reconhecimento de experiências significativas. Em síntese “Desejar a leitura como um copo de água no meio do deserto... (pág. 67),
transformando-a “numa hábil tecedora das
nossas emoções” (pág. 89).
Da
narração oral, espaço comparado a “areias movediças”, o autor remete para o esforço
de preparar o texto, entrar nele, interrogar valores, interesses, enunciando
desejos e conflitos humanos, situações comuns a qualquer indivíduo, independentemente
da idade. Aceder pelos contos à vida,
dentro e fora de nós próprios. Interiorizando cada personagem, cada cena, cada
contexto. Resgatando o essencial, encontrando o significado de ler, de narrar, e
desta mútua relação deixar-se surpreender e emocionar, contagiando! Sobretudo de
como o próprio autor refere, quase de intuição se trata. Tal, como a de viver!
Elvira Cristina Silva
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