Tudo o que um lápis pode conter

Espaço de partilha sobre as actividades de Expressão como Actividades Globalizantes e Interdisciplinares fundamentais no desenvolvimento da criança. Teve por base a acção de formação que já partilhei ao longo de alguns anos, mas pretende-se ir mais além...Compreender a arte da criança, simplesmente respeitando-a, nesse acto individualizado de expressão
livre, que só a si lhe pertence e como tal deve ser respeitado.
Espaço ainda para a literatura infantil como mediador e receptor da expressão livre e espaço para a arte em geral!



domingo, 31 de janeiro de 2010

O Direito à Expressão Livre















O Direito à Expressão Livre

A expressão é inconsciente, expressa-se como necessidade.
Tem significado só para o próprio, traduz a realização de expressões de sentimentos, livremente de forma pessoal e sem outro interesse que não seja só a satisfação da necessidade de expressar-se.
É por si só, toda a manifestação de vida, uma das mais naturais, mais vulgares e espontâneas no ser humano, a criança corre, pula, salta livremente e ao fazê-lo exprime o que tem dentro de si.
A criança desde que nasce expressa-se através do seu corpo, com sons e movimentos do corpo para comunicar algo, fome, dôr ou para expressar os seus sentimentos: ansiedade, raiva, contentamento...
Proporcionando-lhe ambientes calmos sem stresse para que a monotonia e a vida apressada não lhe corte a criatividade (tudo o que se invente, que é algo novo para o próprio, mesmo que já otenham feito anteriormente). Freud refere: "Muitas poucas pessoas civilizadas são capazes de assumir uma existência perfeitamente autónoma nem sequer muito simplesmente emitir um juízo pessoal"
Falar de expressão não é referir-mo-nos a uma disciplina (uma área curricular) à qual a criança deve estar submetida, deve ser sim, um espaço inerente à ordem natural, que seguindo-a, a criança encontra a liberdade perfeita. É também um processo social de forma que constitui um meio de comunicar com os outros.
Ao possibilitar espaço para a expressão é permitir à criança qualquer coisa de seu, expressando individualmente os seus sentimentos. Surgirá assim o que a criança não consegue transmitir através da linguagem verbal.
É educando deste modo que as crianças serão mais abertas, mais alegres, mais comunicativas, mais sensíveis, mais confiantes em si próprias e principalmente crianças felizes com uma inteligência saudável e com reflexão crítica.
Desde muito cedo que é importante estimular as capacidades da criança, por isso a mãe institivamente, quando surgem os primeiros sons, imita a criança, por sua vez esta vai emitir novo som e assim se inicia a comunicação.
Evidentemente que essa estimulação não é importante só nesta área mas em tudo na vida. Assim a criança será tanto criativa, quanto mais lhe proporcionarem momentos e experiências para que essa criatividade aconteça.
Um dos principais interesses da criança tende normalmente para os materiais plásticos.
O desenho surge duma experiência feita pela criança, em deslizar o lápis sobre uma superfície, num movimento em que a criança se expande. Inicialmente é a atracção do lápis, mais tarde o traço é motivo que atrai a criança, passando depois a exprimir o que pretende.
Quando a criança desenha (normalmente em todas as actividades) expressa os seus sentimentos e os objectos desenhados têm valor afectivo.
O adulto/educador deve proporcionar à criança espaço para ela desenhar quando quer, quando necessita. Deve colocar ao dispôr da criança papel de vários tamanhos e texturas, fornecer material gráfico diverso, para que ela tenha oportunidade de escolha e para que o possa fazer de acordo com as suas necessidades.
O desenho contribui para o desenvolvimento global da criança, para a construção da sua personalidade e do seu carácter.
Os princípios orientadores, relativos à expressão e educação plástica, que vêm referidos no livro da Reforma Educativa (1990), abordam a importância desta expressão no programa do 1º ciclo do Ensino Básico. Podemos deste modo referir que a manipulação e experiências com materiais, com as formas e com as cores permitem que, a partir de descobertas sensoriais, as crianças desenvolvam formas pessoais de expressar o seu mundo interior e de representar a realidade.
Quanto à Lei de Bases do Sistema Educativo (Pires, 1987), esta atribui uma atenção especial à educação artística. O Ensino Básico, referido no artigo 7º, tem por objectivo a valorização das actividades manuais e a promoção da educação artística, de modo a detectar e estimular aptidões. O pré-escolar, referido no artigo 5º, tem por objectivo, desenvolver as capacidades de expressão e comunicação da criança, a imaginação criativa, e estimular a actividade lúdica.
Assim, o Decreto de Lei nº 344/90 de 2 de Novembro, garante a todas as crianças e jovens integrados no Sistema do Ensino Português, o direito à Educação Artística genérica, independentemente das suas aptidões ou talentos.
Embora seja compreendida a importância da área das expressões, de tal forma a fazer parte do programa do 1º ciclo do Ensino Básico e a constar nas orientações curriculares para a educação pré-escolar, na prática o seu valor tem sido subestimado e pouco reconhecido como fundamental para o desenvolvimento harmonioso das crianças. Basta reparar como são definidos e apresentados alguns objectivos e propostas de actividades, e como na prática, esta expressão tem vindo a ser relegada para um espaço menos privilegiado, na programação diária de professores e educadores.
No 1º ciclo o ilustrar da cópia, do ditado ou do trabalho de estudo do meio físico e social, são em alguns casos as actividades de expressão gráfica que se propõem.
Para alguns pais, normalmente a "linguagem" do desenho é um pouco menosprezada, principalmente na idade escolar em que aqueles valorizam mais o aproveitamento escolar.
No pré-escolar, o desenho livre é por vezes, substituído pela ilustração de fichas de grafismos e de outras actividades, consideradas mais importantes por alguns profissionais, em detrimento de outras que seriam fundamentais desenvolver. O que me leva a questionar se estas actividades, presentemente, estão a ser canalizadas para outras que tendem a não estimular, e a menosprezar a capacidade criativa e imaginativa das crianças.
Torna-se importante questionar sobre o modo de promover a expressão livre e criativa da criança, e como é que as potencialidades das expressões podem reverter para o desenvolvimento global daquela.
A instituição escolar tem um papel fundamental e a contribuição da expressão livre é basilar. O educador/professor necessita "apenas" de saber estimular e promover, actividades de expressão gráfica livre diversificadas, dando-lhes a importância que merecem. Um conhecimento mínimo teórico-prático sobre o assunto é essencial.
O educador deve saber ter recursos para estimular permanentemente. Deve fomentar a espontaneidade, a riqueza de ideias e a imaginação da criança. Educadas deste modo, as crianças, serão decerto mais abertas, alegres, comunicativas, sensíveis e sobretudo felizes, com inteligência saudável e reflexão critica.
EC

Bibliografia
Direcção Geral do Ensino Básico (1990) . Reforma educativa. Algueirão:
Editorial Ministério de Educação.

Ministério da Educação (1997) .Orientações curriculares para a educação pré-escolar.
Lisboa : Ministério da Educação.

Pires, E. L. (1987) . Lei de Bases do Sistema Educativo. Porto : Edições Asa.

Silva, E.C. (2001). Tudo o que um lápis pode conter - Representações gráficas de crianças com e sem Necessidades Educativas especiais - Avaliação em diferentes contextos. Monografia não publicada, com vista à obtenção de
Pós-Graduação e Formação Especializada em Ensino Especial Pré-Escolar
e 1ºCiclo, Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Lisboa.

Silva, E.C. (1998) . Desenvolvimento da criança e auto-conceito - Estudo da imagem corporal, grau de criatividade e organização perceptivo-motora em crianças em idade escolar com e sem actividades de tempos livres. Monografia não publicada, com vista à obtenção de diploma de estudos superiores especializados, Escola Superior de Educadores de Infância Maria Ulrich, Lisboa.

Stern, A. ( s. d. ) . Uma nova compreensão da arte infantil. Lisboa : Livros
Horizonte. (Trabalho original em francês sem data)

5 comentários:

  1. Olá Elvira!Estás no teu melhor!Fico contente por continuares a acreditar nos desenhos e na expressão livre e criativa!Como Artista e por ter participado na tua Acção de Formação é com agrado recomendo o teu Blog. Beijos Roberto Borges

    ResponderEliminar
  2. Olá Roberto!!!
    :0)
    Obrigada pelo teu entusiasmo!!Fico contente q tu como artista, recomendes o blog!!Bjs

    ResponderEliminar
  3. Tu bem sabes que é verdade e és muito à frente naquilo que pensas e na dedicação que tens no assunto.
    Essa liberdade de expressão e criatividade é o ponto de partida para os Artistas.Eu sempre pensei assim e ainda mais depois da tua Formação do Lápis.
    Roberto Borges

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  4. Cara EC, olá.

    Encontrei este blog por acaso e gostei mesmo bastante do que li. Os meus parabéns.

    Aqui fica uma amostra de uma iniciativa relacionada: http://eduardo-art.blogspot.com/

    Iniciativa esta que - confesso - por falta de tempo, tem sido maioritariamente guiada pela intuição e sensibilidade paternal do que pelo conhecimento científico sobre o assunto.

    Continuação de excelente trabalho, que passarei a seguir neste blog.

    Cumprimentos,
    MA

    ResponderEliminar
  5. Caro MA
    Fabulosa a arte do Eduardo!Parabéns!
    Obrigada pela visita.

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Os livros que se seguem apresentam as minhas opiniões sobre os mesmos. Exclusivamente o que o "meu lápis pode conter". EC

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